Ninguém quer ter seus vasos ocluídos por trombos, ainda mais se estamos falando daqueles que irrigam nosso coração e cérebro. Tanto é que as doenças que mais matam ou deixam sequelas são o infarto agudo do miocárdio (mais conhecido como infarto) e o AVC isquêmico: ambas causadas pela oclusão de artérias.

E ambas as doenças podem ser tratadas com trombolíticos intravenosos, utilizados para quebrar o trombo que está impedindo o sangue passar adequadamente. Dentre eles, temos o alteplase, tenecteplase e por aí vai…

Quando falamos de AVC isquêmico, a terapia padrão é usar alteplase nas primeiras 4,5 horas de aparecimento dos sintomas. Depois disso, alguns estudos mostram que as chances de hemorragia intracraniana aumentam muito.

Porém, outros estudos mostraram que usar o tenecteplase em um período maior de tempo poderia ter beneficios. No entanto, precisávamos ter certeza desses resultados com o auxílio de exames de imagem, como tomografia ou ressonância

É aí que ganha força o estudo que veremos hoje. Não é a toa que foi publicado na NEJM, que você pode conferir aqui.

O estudo envolveu 458 pacientes, nos quais 77.3% deles realizaram trombectomia, 228 receberam tenecteplase e 230, placebo. Na média, o tempo entre o aparecimento dos primeiros sintomas de AVC isquêmico e a terapia foi de 12 horas.

Depois de selecionarem os pacientes, foram analisados a gravidade das sequelas e morte dos pacientes após 90 dias.

Vamos aos resultados:

• Mortalidade: 19.7% no grupo tenecteplase x 18.2% no grupo placebo.
• Hemorragia intracraniana sintomática: 3,2% no grupo tenecteplase x 2.3% no grupo placebo

Ou seja, o uso de tenecteplase depois das 4,5h não mostrou melhores resultados, mesmo com os exames de imagem mostrando tecido que ainda poderia ser salvo

Pois é, acho que isso só reafirma que há situações na medicina que precisamos correr contra o tempo!

Depois dessa, só nos resta desejar a todos uma feliz páscoa!