Baixo risco de câncer secundário após câncer de mama precoce
Estudos recentes mostram que o risco de mulheres diagnosticadas com câncer de mama em estágio inicial desenvolverem um segundo câncer primário é relativamente baixo, variando entre 2% e 3% a mais do que a população geral. Essas descobertas, publicadas na revista The BMJ, trazem um alívio para muitas sobreviventes, que frequentemente acreditam que seu risco é significativamente maior.
Embora sobreviventes de câncer de mama apresentem um risco elevado para o desenvolvimento de outros tipos de câncer primário, as estimativas de risco em estudos anteriores têm sido inconsistentes. O tipo e o risco de um segundo câncer podem ser influenciados pelo tratamento inicial, além de fatores sociais, de estilo de vida e genéticos.
Para esclarecer essa incerteza, pesquisadores utilizaram dados do Serviço Nacional de Registro e Análise de Câncer da Inglaterra, avaliando os riscos de câncer primário secundário ao longo do tempo em comparação com a população geral e os fatores associados a esses riscos.
As conclusões são baseadas em um estudo envolvendo 476.373 mulheres diagnosticadas com câncer de mama invasivo precoce entre 1993 e 2016, que passaram por cirurgia. Durante um período de acompanhamento de até 20 anos, 64.747 dessas mulheres desenvolveram um segundo câncer primário, mas o excesso de risco absoluto em comparação à população geral foi considerado pequeno.
Após 20 anos, 13,6% das participantes haviam desenvolvido um câncer que não era de mama (principalmente câncer de útero, pulmão ou cólon), representando 2,1% a mais do que o esperado na população geral. Além disso, 5,6% desenvolveram câncer de mama contralateral (no lado oposto do corpo), 3,1% acima do esperado.
Os dados também mostraram que o risco adicional de câncer não mamário variou pouco entre diferentes faixas etárias. Porém, o risco de câncer contralateral foi mais elevado entre mulheres mais jovens. Por exemplo, uma mulher diagnosticada com câncer de mama aos 60 anos tem uma probabilidade estimada de 17% de desenvolver um câncer não mamário e 5% de câncer contralateral até os 80 anos, em comparação com 15% e 3%, respectivamente, para mulheres da mesma idade na população geral.
Mulheres diagnosticadas aos 40 anos têm um risco estimado de 6% para ambos os tipos de câncer até os 60 anos, em comparação com 4% e 2% na população geral.
A análise também revelou que o tratamento adjuvante, como a radioterapia, está associado a taxas mais altas de câncer contralateral e de pulmão, a terapia endócrina com câncer uterino (mas com redução do câncer contralateral), e a quimioterapia com leucemia aguda. Os pesquisadores estimam que cerca de 7% dos cânceres secundários em excesso podem ser atribuídos ao uso de terapias adjuvantes, embora os benefícios dessas intervenções superem esse pequeno risco na maioria dos casos.
Embora os pesquisadores reconheçam que suas conclusões possam ser influenciadas por dados de registro de câncer incompletos, o estudo oferece uma visão confiável sobre o desenvolvimento de cânceres secundários em mulheres com câncer de mama invasivo precoce, considerando diversas características de pacientes, tumores e tratamentos.
Esses achados são importantes para a prática clínica e podem ajudar a moldar futuras pesquisas sobre risco de câncer. Além disso, devem ser amplamente divulgados, conforme ressaltado em um artigo de opinião associado, que destaca a dificuldade em encontrar informações detalhadas sobre os riscos de câncer secundário após o câncer de mama.
Em geral, os benefícios dos tratamentos em prevenir a recorrência do câncer de mama superam amplamente os potenciais efeitos negativos, conforme indicado pelos pacientes. Eles enfatizam que informações sobre riscos devem estar disponíveis e ser discutidas com os clínicos no momento em que as terapias adjuvantes são consideradas.
Fonte: bmjgroup.com – Baixo risco de câncer secundário após câncer de mama precoce

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