Você conhece o prolapso da cúpula vaginal?
Essa é uma condição médica que ocorre quando a cúpula vaginal, a parte superior da vagina, desce ou sai da posição normal após uma histerectomia, conforme visto na imagem.
Uma breve revisão
- Fisiopatologia: Quando os ligamentos e/ou músculos pélvicos que mantém a cúpula no lugar enfraquecem, além do útero removido que a mantém, a cúpula desce levando ao prolapso;
- Quadro clínico: Sensação de pressão ou peso, protuberância vaginal, dor lombar, dispareunia, incontinência urinária, constipação;
- Diagnóstico: No exame físico se observa a posição da cúpula vaginal; Ultrassom ou RM podem ajudar;
- Tratamento: Fisioterapia do assoalho pélvico, dispositivos para suporte, cirurgia para fixação da cúpula;
A reparação cirúrgica ideal para o prolapso da cúpula vaginal após a histerectomia é, ainda, indeterminada.
Diante disso, esse artigo da JAMA Surgery buscou investigar se há uma abordagem preferencial para a reparação cirúrgica do prolapso de cúpula vaginal após a histerectomia, comparando 3 diferentes abordagens.
Trata-se de um ensaio clínico randomizado, multinacional e de não inferioridade. Os desfechos foram acompanhados até 60 meses, até que o último participante atingisse 36 meses de acompanhamento.
- As participantes elegíveis passaram por histerectomia e desejavam a correção cirúrgica. Elas foram randomizadas entre 2016 e 2019, e os dados consultados entre 2022 e 2023.
A randomização envolveu 3 técnicas diferentes:
- Sacrocolpopexia: tela inserida via abdome, fixando a tela ao sacro;
- Tela transvaginal: inserção de tela através da parede vaginal;
- Reparação transvaginal com tecido nativo: sem telas, a cúpula é reparada usando os próprios recidos da paciente, como ligamentos e músculos;
O desfecho primário foi o tempo até a falha composta do tratamento, avaliado com modelos de sobrevivência. A falha composta é justificada, por exemplo, pela recidiva da doença e dos sintomas, além da necessidade de um novo tratamento.
Ué? Mas o desfecho do estudo é uma complicação e não visa os melhores resultados?? Sim, lembre de que é um estudo de não-inferioridade. Logo, a hipótese é testada já considerando que o tratamento clínico convencional é tão bom quanto.
Os desfechos secundários incluíram resultados específicos de sintomas relatados pelos pacientes, medidas objetivas e eventos adversos.
- O número de participantes nos grupos 1, 2 e 3, foi, respectivamente 120, 115, 141.
- A incidência de falha ajustada em 36 meses foi de 28%, 29% e 43%, respectivamente.
- Falhas compostas foram mais observadas no tratamento com tecido nativo, comparada às telas, sendo a tela transvaginal a de maior sucesso.
Conclusões
- Sacrocolpopexy foi superior à reparação com tecido nativo, com menor taxa de falha composta e baixa taxa de complicações relacionadas à tela.
- Tela Transvaginal apresentou taxa de falha composta semelhante à sacrocolpopexy e também foi melhor que a reparação com tecido nativo, embora a diferença não tenha sido estatisticamente significativa após ajuste.
- Reparação com Tecido Nativo teve uma taxa de falha composta mais alta comparada às técnicas com tela.
Respostas