Já foi bem registrado que pacientes diagnosticados na infância com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade apresentam uma tendência maior ao desenvolvimento de consumo abusivo de substâncias na idade adulta.

Mas a partir daí, vem uma dúvida: como o uso de medicamentos para tratamento dessa condição, como as anfetaminas, podem influenciar nessa tendência de abuso de drogas?

• Há quem acredite que o tratamento poderia ter um efeito protetivo, através da intervenção precoce sobre esses pacientes em um momento importante de seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, há pesquisadores que acreditam que a exposição precoce a substâncias psicoestimulantes poderia,na verdade, incentivar o consumo posterior de outras substâncias.

Para colocar isso à prova, foi feito este estudo publicado na JAMA Psychiatry!

Nesse estudo, 579 crianças com uma idade média de 8,5 anos no início da pesquisa foram acompanhadas por um período de cerca de 16 anos, em que foram questionadas ao longo de 10 avaliações quanto à manutenção do uso do medicamento para TDAH e quanto ao consumo de outras substâncias químicas- álcool, maconha, cigarros, dentre outras drogas lícitas ou ilícitas.

E o resultado: No final das contas, não foram identificadas diferenças no desenvolvimento de abuso de susbtâncias químicas na idade adulta nesses pacientes que fizeram uso de fármacos para tratamento de TDAH desde a infância em relação aos pacientes com essa condição no geral.

• Pois é, o tratamento não piorou nem melhorou essa tendência ao abuso de drogas.

Moral da história: nesses pacientes, apesar do tratamento farmacológico ser essencial para controle de sintomas e melhora de qualidade de vida, ele não faz milagres. Outras formas de tratamento, como a psicoterapia, também devem ser essenciais ao longo do acompanhamento desses pacientes para que questões como consumo de drogas sejam discutidas e, com isso, evitadas ou aliviadas!