Laringoscopia direta ou por vídeo na IOT?

Você já intubou? Pelo menos, já treinou em algum boneco?

Um procedimento tão reconhecido e eficaz na sala de cirurgia, merece a nossa atenção. Afinal, pode ser difícil de visualizar as cordas vocais com a laringoscopia direta. Por isso, a videolaringoscopia pode melhorar a visualização das vias aéreas, mas as vezes está associada a mais tentativas e mais falhas.

  • Em um recente ensaio na UTI, por exemplo, a videolaringoscopia não apenas falhou em melhorar o sucesso da primeira tentativa de intubação, mas também esteve associada a complicações graves e potencialmente fatais.

Qual é o grau em que a videolaringoscopia pode facilitar a intubação em pacientes submetidos a cirurgia? Eis a lacuna a ser respondida por esse estudo da JAMA.

Metodologia

Esse ensaio clínico randomizado feito em um hospital acadêmico nos EUA contou com participantes adultos ou mais submetidos a cirurgias cardíacas, torácicas ou vasculares, podendo ser tanto eletivos ou de emergência.

Especificamente, o estudo testou a hipótese de que menos tentativas de intubação seriam necessárias quando a laringoscopia fosse realizada através de um videolaringoscópio em vez do laringoscópio direto. Secundariamente, estudou-se o número de falhas.

A análise de dados foi baseada na intenção de tratar.

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🔍 Momento estatístico: você sabe o que é a análise por intenção de tratar (ITT)?

Muitos pacientes no decorrer de um follow-up de um ensaio clínico randomizado acabam abandonando, morrendo, mudando para um tratamento alternativo, etc. Na ITT, todos os resultados são analisados com o grupo previamente estabelecido, não importando o desfecho. Por exemplo, se na intervenção houveram 10.000 pacientes, mas 2.000 tiveram perda de seguimento, mesmo assim na ITT serão analisados os 10.000.

Resultados

Foram 8429 procedimentos cirúrgicos analisados. Desses, 4413 passaram por videolaringoscopia, enquanto 4016passaram por laringoscopia direta.

  • Assim, com relação ao desfecho primário, 77 pacientes do grupo videolaringo (1.7%) precisaram de mais de uma tentativa de intubação, contra 306 (7.6%) no grupo laringoscopia direta.

Falhas no procedimento ocorreram em 12 (0.27%) no grupo video contra 161 (4,0%) na laringoscopia direta. Excetuam-se as lesões à arcada dentária, que não tiveram diferença significativa entre os grupos.

Contrariando estudos prévios sobre o tema, a videolaringoscopia aqui demonstrou redução no número de tentativas e nas falhas para a IOT feita antes da cirurgia. Mais estudos devem ser realizados para preencher demais lacunas.

Extra

Pra ficar bonito!! Você conhece os 7 P’s de sequência rápida de intubação?

  • Preparação
  • Pré-oxigenação
  • Pré-tratamento
  • Paralisia com indução
  • Posicionamento
  • Passagem do tubo
  • Pós-intubação
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Respostas

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