A pílula para depressão pós-parto!

A depressão pós-parto é uma das principais e mais negligenciadas complicações durante o período do puerpério (primeiras 6 semanas após o parto).

Para você lembrar um pouco:

  • Depressão pós-parto não é a mesma coisa que “Baby blues”: enquanto o blues puerperal é um quadro mais leve, que afeta cerca de 85% das gestantes e costuma passar após 2 semanas, a depressão pós-parto é um quadro grave, que pode cursar até com ideação suicida e comprometer significativamente os cuidados com o recém nascido, e é um quadro que pode ser persistente e que pode surgir até 1 a 2 meses após o parto.

Muitos obstetras inclusive não perguntam sobre sintomas psiquiátricos e emocionais durante o puerpério, o que faz com que o diagnóstico e identificação precoce da doença sejam comprometidos.

Quando o diagnóstico é feito, o tratamento dos quadros mais graves depende do uso de inibidores de recaptação de serotonina, como a sertralina, mas tem um porém: eles podem demorar até 12 semanas para começar a fazer efeito e muitas pacientes são refratárias a esse tratamento.

E aí entra a matéria de hoje: a FDA aprovou dia 4 de Agosto um novo fármaco para o tratamento de depressão pós-parto, a zuranolona, um remédio de admnistração por via oral capaz de melhorar significativamente sintomas depressivos em menos de 15 dias de uso!

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  • A zuranolona funciona de uma forma bem diferente de outros antidepressivos, como a sertralina. Ele é um análogo de um hormônio neuroesteroidal, a alopregnenolona, que age um modulador positivo dos receptores do neurotransmissor GABA. Após estudos motrarem que quedas abrupatas na alopregnenolona após o parto poderiam estar associados à depressão nesse período, iniciaram-se as pesquisas atrás dessa possível terapêutica.

Após dois estudos de fase 3, um publicado na JAMA psychiatry e outro no American Journal of Psychiatry, terem demonstrado a eficácia desse fármaco após duas semanas de tratamento e um mês de seguimento, a FDA aprovou esse fármaco para tratamento dessas mulheres.

Mas nem tudo são flores:

  • A zuranolona mostrou alguns efeitos colaterais, como efeitos depressores sobre o sistema nervoso central, como tontura e sonolência, de forma que pessoas em uso desse remédio não podem dirigir ou operar máquinas, além de que ela é uma possível droga abuso e foi aprovada como um fármaco cuja prescrição deve ser controlada federalmente.
  • Estudos longitudinais das pacientes em uso desse medicamento, com um acompanhamento mais longo, de pelo menos 1 ano, também são extremamente necessários para que os efeitos a longo prazo desse novo remédio sejam avaliados.

Por mais que seja um grande passo, não se pode esquecer que o principal problema ligado à depressão pós-parto não é o tratamento, mas sim o seu diagnóstico, que muitas vezes não é feito nas fazes iniciais da doença.

O que quero dizer é: se você é ou quer ser obstetra (ou melhor, se quer ser um bom médico no geral), sempre lembre da depressão pós-parto como uma possibilidade!

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